Blue Man abre o Fashion Rio com desfile na Lapa

Samba, mulheres semi-nuas, estandartes e centenas de pessoas sentadas na arquibancada. Não, esta não é a descrição de um desfile de escola de samba, mas de um desfile de moda, o da Blue Man. A grife abriu a edição verão 2007 do Fashion Rio, ontem à noite, com um mega-show na Lapa, bairro símbolo da malandragem carioca. A coleção era uma homenagem à cultura negra.

A apresentação contou com 750 figurantes. Sentados numa arquibancada montada diante dos Arcos da Lapa, eles marcaram cada bloco do desfile, segurando velas, espelhos, flores e lenços. Impossível não se lembrar do trabalho do carnavalesco Paulo Barros, conhecido por ter criado as "alegorias vivas". Outros elementos também remeteram ao carnaval: estandartes - com fotos de Miguel Rio Branco - e a participação do sambista Walter Alfaiate - cantando ao vivo a música É Hoje.

E a moda? Os primeiros looks, com estampa de caravelas, remetiam à chegada dos escravos ao Brasil, em navios negreiros. A imagem foi lavada de modo a destacar as nuances de azul e branco. Em seguida, palmeiras e flores fluorescentes - provavelmente inspiradas nas garrafas de areia vendidas no Nordeste - deram tom tropical à coleção. A malandragem veio representada por conjuntos em preto e branco, com direito a desenhos do calçadão de Copacabana e de violões. Destaque para o maiô "engana mamãe", todo em triângulos, usado por Juliana Imai (fotos 6 e 7, acima).

A cultura hip hop foi representada com modelos coloridos e cheios de faixas. Os meninos - que quase sempre apareceram com os tradicionais sungões e bermudas - encarnaram o grafiteiro, com peças sujas de tinta (foto 5, acima). Mas o ponto alto do desfile foi o bloco com biquinis feitos de renda. O que Emanuela de Paula vestiu (foto 1, abaixo) tem tudo para virar hit nas lojas.

O styling, com muitos colares de estilos e tamanhos variados, pesou. As formas variaram, mostrando que pelo menos a moda praia é democrática. Peças grandes e pequenas, de cortininha e tomara-que-caia, com laçinho e sem: a marca mostrou de tudo na passarela. O que não apareceu foi a tal da identidade. A Blue Man preferiu misturar tendências a mostrar a verdadeira cara da moda praia carioca.

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